Os analistas políticos tem explicado um fator central para a alta popularidade do presidente Bolsonaro de 37%, divulgada na pesquisa do Instituto Datafolha no mês de dezembro, diga-se a mais alta desde que foi eleito.
Um dos fatores centrais é o auxílio emergencial, no valor de R$ 600.00(seiscentos reais) durante a pandemia do novo coronavírus, isso sem dúvidas contribuiu decisivamente para a elevação da popularidade de Bolsonaro.
Porém vale lembrar que a popularidade do presidente manteve-se resiliente desde as eleições, mesmo com todos os cenários desfavpráveis, econômico, pandemia, mesmo com a intensa crítica de parte da mídia televisiva essa popularidade inicial de 30% manteve-se estável, a surpresa foi a elevação da mesma em meio a um turbilhão de desafios gestores que assolaram o mundo inteiro, inclusive o Brasil, sem falar em uma perda de alianças constante como o ex-ministro Sérgio Moro, parte dos integrantes do PSL e tantos outros fatores desfavoráveis.
Mas, como explicar sob o olhar da Ciência Política essa alta popularidade de Bolsonaro, cerca de 37%? E ainda, até quando ela pode perdurar?
Vamos a uma análise do que ocorreu antes da eleição de Bolsonaro, considerando as pesquisas divulgadas antes das eleições, os eleitores que tinham a intenção de voto em Bolsonaro eram aqueles que situam-se em níveis maiores de escolaridade e ainda aqueles que estavam entre os que possuiam maior renda econômica. Os que tinham menor renda estavam mais atrelados à intenção de votar no PT e partidos que se denominam de esquerda.
De acordo com o cientista político Wellington Nunes, Cientista Político, Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná e doutor em Sociologia o eleitorado de Lula em 2002 tinha o perfil de um nível mais elevado de escolaridade também, porém com o escândalo do Mensalão Lula perdeu esse eleitorado, e nas eleições de 2006 já não contava com o mesmo, todavia teve uma forte adesão de um novo eleitorado, um eleitorado com menor renda, que foi contemplado com os programas sociais desenvolvidos no governo Lula.
Já com Bolsonaro, esses eleitores de maior escolaridade e renda mais elevada manteve-se, uma vez que as políticas de reformas e incentivos ao empresariado agradaram a esse público de alta renda e principalmente as medidas de complemento de salários dos trabalhadores durante a pandemia, então aí Bolsonaro permaneceu conectado a seu público original.
O diferencial então para a elevação da popularidade do presidente Bolsonaro foi conseguir conquistar parte daquele público de baixa renda, que era primordialmente do PT, mas com o auxílio emergencial que terminou de imediato sanando a necessidade de sobrevivência desse público Bolsonaro conseguiu um vínculo e conseguiu cativar no primeiro momento esse público, o que terminou elevando aí sua popularidade. Cabe destacar que antes disso, Bolsonaro havia criado o décimo terceiro do Bolsa Família, uma fator que melhorou sua imagem junto aos que tem uma renda menor também.
Mesmo alcançando a popularidade mais elevada desde o início de seu governo Bolsonaro tem popularidade menor que Lula e Dilma no mesmo período, No final do segundo ano do primeiro mandato da petista, a avaliação positiva do governo de Dilma chegou a 75,7%. Lula, dois anos depois do início dos governos, conseguiu 65,4% de aprovação em 2004. O ex-presidente Temer aparece bem atrás de todos, chegando a apenas 7% de aprovação pessoal no final de 2018.
É importante observar que os cenários econômicos dos governos Lula e Dilma eram diferentes dos atuais.
Mas e agora com essa situação da vacina do coranavírus no Brasil, o que pode acontecer com a popularidade do presidente?
Vai depender muito do resultado desse cenário, assim como vai depender também de como serão conduzidas as políticas sociais daqui em diante, se o presidente vai continuar mantendo essa comunicação e esse link com seu público original e com o público que aproximou-se após a pandemia, uma vez que a próxima eleição presidencial já está há menos de dois anos.
Assim, a capacidade do governo de dar respostas efetivas e rápidas às demandas geradas, principalmente as que se insurgiram em função da pandemia, a comunicação com o seu público e com a diversidade de públicos que podem acrescentar valor político e eleitoral, a condução da habilidade para uma coalizão que contribua com a resolução das demandas urgentes podem ser decisivos para os próximos cenários políticos de Jair Bolsonaro, uma vez, que mesmo com alta popularidade, as eleições municipais de 2020 não foram favoráveis para o presidente, mas na política os cenários são afetados por diversas questões, por exemplo, como as oposições vão se organizar e o que já foi citado anteriormente, por isso a popularidade de Bolsonaro manter-se, aumentar ou cair está vinculada a todos esses fatores.
Por Ana Léa Coelho: Acadêmica de Ciência Política, Enfermeira do Trabalho, Pós Graduada em Educação em Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública, Gestão em Saúde pela Universidade Federal do Maranhão, Saúde da Família, atualmente é Funcionária Pública Municipal.