Que o Brasil não é um país independente do grande poderio da mundialização e transnacionalização do capital é notório, todavia uma breve olhada no retrovisor da história do Brasil nos trás importantes indagações de qual seria o destino do País, se Dom Pedro I tivesse passivamente acatado as ordens das Elites de Portugal e retornado àquele país nesse momento da história.
Uma das hipóteses é que o Brasil poderia ter voltado a ser Colônia de Portugal, como o era antes da vinda da família real para o Brasil, e então as condições sociais e econômicas poderiam acompanhar tal mudança.
A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil ocorreu em 28 de novembro de 1807 e a comitiva aportou em terras brasileiras em 22 de janeiro de 1808.
A partir de então, a colônia, adquiriu destaque entre tantas outras, passou a ocupar o centro das decisões. De acordo com a obra Política Externa Brasileira, de André Luís Reis da Silva e Bruna Figueiredo Riediger foram as guerras napoleônicas e os fortes laços com a Inglaterra que levaram o príncipe regente Dom João VI a optar pela transferência da Corte para o Brasil.
Isto deu início a uma série de mudanças na colônia para adequar-se à chegada da família real, o Rio de Janeiro passou a contar com Órgãos portugueses e uma estrutura típica de uma capital e uma das primeiras ações de Dom João VI, já em 1808, foi a abertura dos Portos às Nações Amigas, que pôs fim ao monopólio comercial, o Brasil deixou de ser colônia e foi elevado à condição de Reino Unido, assim como Algarves e Portugal, foi criado o Banco do Brasil, foram criadas Universidades para os filhos da Corte naquele momento, o príncipe regente ainda realizou uma política territorial expansionista, que mesmo tendo que devolver alguns territórios para países vizinhos, enfrentou a situação do Prata e sua governança obteve resultados de definição de estruturação e definição territorial no país.
Na economia, Dom João VI, trouxe a primeira muda de café para o Brasil, sendo que esse tornou-se o principal produto da economia brasileira durante o mandato de Dom Pedro II e ainda hoje, permanece como um dos produtos mais valorizados do agronegócio.
Dom João VI retornou a Portugal em 1820, ficando seu filho, Dom Pedro I, como regente no Brasil(SILVA.RIEDIGER, 2016, pg. 23), junto com ele, Dom João levou o dinheiro que estava no Banco do Brasil, fruto da exploração do ouro e demais economias, e muitas riquezas, sendo que a maior parte foi pago para Inglaterra, em troca de proteção contra as guerras napoleônicas.
Dom Pedro I, tornou-se então, imperador do Brasil, com o título Dom Pedro I.
Ele teve que enfrentar o inconformismo das elites de Portugal naquele cenário político, que intimaram o príncipe a regressar para Portugal, e o Brasil deveria assim, retornar, à condição de Colônia, mas no dia 7 de setembro de 1822, o Dom Pedro I decidiu romper os laços com Portugal e ficar definitivamente no Brasil, pra isso enfrentou a guerra da Independência e a consolidação desse reconhecimento, sendo que o primeiro país a reconhecer a independência foi a Inglaterra, sendo que Portugal só reconheceu a independência em 1825, após o tratado luso-brasileiro, que custou ao Brasil 2 milhões de libras esterlinas para que Portugal reconhecesse a independência e o Império de sua ex-colônia.
O reconhecimento era uma transferência de soberania a Dom Pedro I e a seus legítimos sucessores o título de Imperador, associado a Dom João Sexto, e o Brasil prometia não se unir às colônias da África e como dito, também comprometeu-se a transferir 2 milhões de libras esterlinas para Portugal.
A história da separação política entre Portugal e Brasil, teve essa intervenção de Dom Pedro I, que evitou o retorno do Brasil à condição de Colônia e quem sabe o retrocesso dos avanços adquiridos com a vinda da família real, embora saibamos que a imensa maioria da população não tenha participado desse processo, tão pouco o grito do Ipiranga trouxera condições de vida mais justas e humanas para a população brasileira, todavia, sua ocorrência abriu sim, importantes caminhos para o desenvolvimento brasileiro, por exemplo, a sucessão de Dom Pedro I por seu filho Dom Pedro II foi uma espécie de colheita dos resultados desses fatos, pois com Dom Pedro II, filho de Dom Pedro I, o Brasil deu um grande salto no desenvolvimento de sua economia, inclusive com a abolição da escravidão, assinada pela princesa Isabel, filha de Dom Pedro II, neta de Dom Pedro I, mesmo que a participação dos abolicionistas, as revoluções e rebeliões dos escravos, tenham protagonizado a real luta pelo fim da escravidão, conforme narrado na obra As Abolições da Escravatura no Brasil e no Mundo, de Marcel Dorigny, a assinatura de Isabel oficializou e consolidou aquele importante momento histórico.
Desse modo, no dia de 7 de setembro de 1822, o príncipe Dom Primeiro I, ao recusar-se a retornar a Portugal e ao não permitir que o Brasil retornasse à condição de Colônia, deu sim relevante contribuição para a nação brasileira, que mesmo não conquistando a independência de fato, e aqui vale ressaltar que a independência não é um ato, é um processo, conquistou não apenas a separação de Portugal e uma autonomia política, mas conquistou também a ruptura de um retrocesso à condição anterior, de colônia e ainda abriu caminhos para que o Brasil desse passos mais adiante em seu desenvolvimento e crescimento econômico e para, quem sabe, não tivesse o mesmo destino que muitas colônias tiveram, por isso fica a reflexão, o que seria do Brasil se a família real não tivesse vindo!